A teoria Dow tem quase 100 anos, no entanto, mesmo com os atuais mercados voláteis e voltados para a tecnologia os componentes básicos da Teoria de Dow se mantêm válidos.
Desenvolvida por Charles Dow, refinada por William Hamilton e articulada por Robert Rhea, a Teoria de Dow aborda não só a análise técnica e o preço da ação, mas, também, a filosofia do mercado.
Muitas das ideias e observações apresentadas por Dow e Hamilton se tornaram axiomas de Wall Street. Enquanto há aqueles que podem pensar que hoje é diferente, ler a Teoria de Dow atesta que o mercado de ações se comporta como há quase 100 anos atrás.
A Teoria de Dow, apresentada a seguir, foi extraída do livro de Robert Rhea, a “Teoria de Dow“. Embora a Teoria de Dow seja atribuída a Charles Dow, os escritos de William Hamilton foram a pedra angular para o livro e para o desenvolvimento da teoria.
Além disso, se deve notar que a maior parte da teoria foi desenvolvida com os índices de “Dow Jones Rail” e “Industrial Averages” em mente.
Mesmo que muitos conceitos possam ser aplicados para ações individuais, mantenha em mente que estes são conceitos genéricos e mais adequados para um grupo ou índice de ações. Quando possível, também tentaremos ligar realidades do mercado de hoje com a Teoria de Dow, como explicado por Dow, Hamilton e Rhea.
Charles Dow desenvolveu a sua teoria a partir da análise de preço de ações no final do século 19. Até sua morte, em 1902, Dow era parte proprietário e parte editor do The Wall Street Journal.
Embora nunca tenha escrito um livro sobre o assunto, ele fez alguns editoriais sobre a especulação e a função dos índices de transporte ferroviário e de médias industriais.
Apesar de ser creditado a Charles Dow, o desenvolvimento da teoria foi de S.A. Nelson e William Hamilton que, mais tarde, a refinariam como é conhecida hoje. Nelson escreveu “O ABC da especulação na Bolsa” e foi o primeiro a realmente usar o termo “Teoria de Dow”.
Hamilton trabalhou, ainda mais, a teoria através de uma série de artigos no The Wall Street Journal, entre 1902-1929. Hamilton também escreveu “O Barômetro do Mercado de Ação” em 1922, no qual procurou explicar a teoria em detalhe.
Em 1932, Robert Rhea aprofundou ainda mais a análise de Dow e Hamilton com “A Teoria Dow”. Rhea leu, estudou e decifrou alguns dos 252 editoriais de Dow (1900-1902) e Hamilton (1902-1929) em que eles escreveram seus pensamentos sobre o mercado. Rhea também fez referência ao “Barômetro do Mercado de Ação” de Hamilton.
A Teoria Dow se apresenta como um conjunto de hipóteses e teoremas.
Antes de entender a teoria de Dow, há uma série de pressupostos que devem ser aceitos. Rhea afirma que, para o sucesso da aplicação da teoria Dow, estes pressupostos devem ser admitidos sem reservas.
A primeira hipótese é a seguinte: a manipulação da tendência principal não é possível.
Quando grandes quantidades de dinheiro estão em jogo, a tentação de manipular é grande. Porém, Hamilton não argumenta contra a possibilidade de que os especuladores, especialistas ou qualquer pessoa envolvida nos mercados poderiam manipular os preços.
Ele qualificou sua suposição afirmando que não era possível manipular a tendência primária. Assim, os movimentos secundários do dia a dia podem ser propensos a manipulação, ou seja, os movimentos curtos, de algumas horas a algumas semanas, estão sujeitos à manipulação por grandes instituições, especuladores, notícias de última hora ou rumores. Hoje, Hamilton provavelmente adicionaria a esta lista as mensagens da diretoria e os day-traders.
Hamilton chegou a dizer que as ações podem ser individualmente manipuladas. Exemplos disso geralmente acabam da mesma maneira: a ação sobe, em seguida cai e continua a tendência primária, tal como aconteceu nos casos abaixo:
Embora essas ações tenham sido manipuladas no curto prazo, as tendências de longo prazo prevaleceram aproximadamente após um mês.
Hamilton também apontou que a manipulação individual das ações acontece, mas seria praticamente impossível manipular o mercado como um todo, pois ele é simplesmente grande demais.
O mercado de forex para iniciantes reflete todas as informações disponíveis, pois tudo que é conhecido se traduz em preços. Assim, ele representa a soma total de todas as esperanças, medos e expectativas de todos os participantes.
Movimentos da taxa de juros, as expectativas de ganhos, as projeções de receita, eleições presidenciais, inovações de produtos e tudo o mais já são precificados no mercado. O inesperado irá ocorrer, mas, geralmente, isso vai afetar a tendência de curto prazo. Portanto, a tendência primária não será afetada.
O gráfico abaixo, da Coca-Cola (KO), é um exemplo recente da tendência primária permanecendo intacta. A tendência de baixa começou com a queda acentuada acima de 90. As ações subiram em outubro e novembro de 1998, mas, em dezembro, começaram a cair novamente.
De acordo com a Teoria de Dow, a retomada de outubro / novembro seria chamada de um movimento secundário (contra a tendência primária). É provável que a ação tenha seguido a subida geral do mercado no momento.
No entanto, quando os principais índices foram bater novos recordes em dezembro, a Coca-Cola estava começando a encontrar dificuldades e retomou a sua tendência primária.
Hamilton observou que, às vezes, o mercado reage negativamente a uma boa notícia. O seu raciocínio era simples: o mercado olha para frente. No momento em que a notícia chega ao público, ela já está refletida no preço.
Isso explica o velho axioma de Wall Street, “Compre o rumor e venda o fato”. Na medida em que o rumor começa a se espalhar, os compradores intervêm e lançam o preço para cima. No momento em que a notícia chega, o preço aumenta a ponto de refletir totalmente a notícia.
Yahoo! (YHOO) e a corrida até o lucro é um exemplo clássico. Durante três trimestres o Yahoo! aumentou devido ao relatório de lucros. Mesmo que os lucros superaram as expectativas todas as vezes, as ações caíram cerca de 20%.
Hamilton e Dow prontamente admitem que a Teoria de Dow não é um meio infalível de ganhar no mercado. Ela é vista como um conjunto de diretrizes e princípios para ajudar na análise de mercado pelos investidores e traders.
A teoria fornece um mecanismo para os investidores que vai ajudar a remover parte do lado emocional das operações. Hamilton adverte que os investidores não devem ser influenciados pelos seus próprios desejos. Ao analisar o mercado, se certifique que você tem um objetivo e está vendo o que está lá e não o que você quer ver.
Se um investidor conserva seus papéis, ele pode querer ver apenas os sinais de alta e ignorar quaisquer sinais de baixa. Por outro lado, se um investidor está fora do mercado ou é um vendedor, ele pode se concentrar nos aspectos negativos do preço da ação e ignorar quaisquer tendências de alta.
A Teoria de Dow fornece um mecanismo para ajudar a tornar as decisões menos ambíguas. Os métodos de identificação da tendência primária são claros e objetivos.
Mesmo que a teoria não sirva para negociação no curto prazo, ela ainda pode agregar valor para os traders. Não importa o seu horizonte de tempo, ela sempre ajuda a identificar a tendência primária.
De acordo com Hamilton (escrito no início do século 20), aqueles que aplicam com sucesso a Teoria de Dow raramente negociam mais de quatro ou cinco vezes por ano. Lembre-se que intraday e mesmo os movimentos secundários podem ser propensos a manipulação, mas a tendência principal é imune a isso.
Além disso, Hamilton e Dow procuraram meios para filtrar o ruído associado a flutuações diárias. Assim, eles não estavam preocupados com um par de pontos, ou saber os topos ou fundos exatos. A suas principais preocupações foram pegar os grandes movimentos.
Tanto Hamilton quanto Dow recomendaram um estudo atento dos mercados numa base diária, mas, também, procuraram minimizar os efeitos dos movimentos aleatórios e se concentraram na tendência primária.
É fácil ser pego na loucura do momento e esquecer da tendência primária. Após a baixa de outubro, a tendência primária para a Coca-Cola se manteve em baixa. Mesmo que tenha tido alguns avanços claros, a ação nunca caminhou para uma grande alta.
Dow e Hamilton identificaram três tipos de movimentos de preços para as médias industriais e ferroviárias do Dow Jones:
Movimentos principais duram de alguns meses a muitos anos e representam a tendência geral e implícita do mercado. Os movimentos secundários (ou reações) duram de algumas semanas a alguns meses e se movem contra a tendência primária.
As flutuações diárias podem mover-se com ou contra a tendência primária e duram desde algumas horas a alguns dias, mas, normalmente, não mais do que uma semana.
Movimentos principais representam a tendência implícita do mercado e podem durar de alguns meses a muitos anos. Esses movimentos são, geralmente, referidos como touro e urso.
Uma vez que a tendência primária tenha sido identificada, ela permanecerá em vigor até que se prove o contrário. (Abordaremos os métodos para identificar a tendência primária mais adiante neste artigo).
Hamilton acreditava que o comprimento e a duração das tendências eram, em grande parte, indetermináveis. Hamilton estudou médias e chegou a algumas conclusões gerais para comprimento e duração delas, mas advertiu contra a tentativa de aplicá-las como regras para a previsão.
Muitos traders e investidores ficam obcecados com preços e tempo alvos. A realidade é que ninguém sabe onde e quando a tendência primária acabará. O objetivo da Teoria de Dow é utilizar o que nós sabemos, e não fazer um jogo de adivinhação sobre o que não sabemos.
Através de um conjunto de diretrizes, a Teoria de Dow permite aos investidores identificar a tendência primária e investir com consciência. Tentar prever o tamanho e a duração da tendência é um exercício de futilidade. Hamilton e Dow estavam principalmente interessados na captura dos grandes movimentos da tendência primária.
O sucesso, de acordo com Hamilton e Dow, é medido pela capacidade de identificar a tendência primária e ficar nela.
Os movimentos secundários vão contra a tendência primária e são reativos por natureza. Em um mercado de touro, um movimento secundário é considerado uma correção. Em um mercado de urso, movimentos secundários são, às vezes, chamados reação de retomada.
No início deste artigo, um gráfico de Coca-Cola foi usado para ilustrar uma reação (ou movimento secundário) dentro dos limites de uma tendência primária de urso. Abaixo está um gráfico que ilustra uma correção dentro dos limites de uma tendência touro primária.
De 07 a 10 de abril houve um ponto monótono (linha vermelha em volume). Havia pouco movimento de preços e o volume foi o mais baixo desde o começou da queda. O DJIA ($ INDU), então, se distanciou para baixo com o aumento do volume.
Após a abertura na baixa, houve uma reversão e, em seguida, o DJIA prosseguiu com uma alta e esboçou uma reação de crescimento do volume (linha verde em volume). A nova reação de alta, combinada com o aumento do volume, indica que o movimento secundário acabou e a tendência primária retomou.
4. Baixas são, às vezes, acompanhadas por um dia de alto volume. As baixas de Setembro / Outubro de 1998 foram acompanhados por níveis recorde de volume. Na época, a baixa em 1º de Setembro testemunhou o maior volume já registrado, e a baixa de 8 de Outubro registrou o segundo maior volume da história.
Embora esses pontos de baixas e de alto volume não fossem um sinal em si, eles ajudaram a formar um padrão que precedeu um avanço histórico. Este avanço levou o DJIA ($ INDU) de abaixo de 8000 para mais de 11 mil pontos em menos de um ano. Outra confirmação de uma mudança na tendência veio na forma de uma nova reação de aumento da alta de volume, em 15 de Outubro.
Ainda há debate sobre se o acidente de 1998 foi um mercado de urso ou meramente um movimento secundário dentro dos limites de um mercado de touro maior. Em retrospectiva, parece ser um movimento secundário.
Mesmo que o DJIA tenha registrado uma baixa menor em 4 de agosto e tenha perdido um pouco mais de 20% até 4 de setembro, o tempo de dois meses faz com que seja difícil de justificar um mercado de urso.
Hamilton caracterizou os movimentos secundários como um fenômeno necessário para combater a especulação excessiva. Correções e contra-movimentos mantêm os especuladores sob controle e acrescentam uma boa dose de adivinhação nos movimentos do mercado. Devido à sua complexidade e natureza enganosa, movimentos secundários requerem estudo e análise extremamente cuidadosos.
Os investidores, muitas vezes, confundem um movimento secundário como o início de uma nova tendência primária. Até que ponto um movimento secundário tem de vir antes da tendência principal? Esta questão será abordada na Parte 3 deste artigo, quando analisamos os vários sinais baseados na Teoria de Dow.
Flutuações diárias, embora importantes quando vistas em grupo, podem ser perigosas e pouco confiáveis individualmente. Devido à aleatoriedade dos movimentos do dia a dia, o valor de previsão de flutuações diárias é limitado na melhor das hipóteses.
Na pior das hipóteses, ênfase excessiva na flutuação diária levará a previsões erradas e, possivelmente, perdas. Ficar muito preso ao movimento de um ou dois dias pode levar a decisões precipitadas baseadas na emoção. É de vital importância manter todo o cenário em mente quando se analisa variações diárias dos preços.
Pense nas peças de um quebra-cabeça. Individualmente, algumas peças são sem sentido, mas, ao mesmo tempo, elas são todas essenciais para completar o jogo. Variações diárias dos preços são importantes, mas só quando agrupadas com outros dias para formar um padrão para análise.
Hamilton não ignorou flutuações diárias, muito pelo contrário. O estudo do preço da ação por dia pode adicionar informações valiosas, mas apenas quando tomado em um contexto maior. Há pouca informação em um, dois ou até mesmo três dias de preço de uma ação.
No entanto, quando uma série de dias é combinada, uma estrutura irá começar a emergir e a análise se tornará melhor fundamentada.
Hamilton identificou três etapas principais para os mercados de touro e de urso. Tais etapas se relacionam tanto com o estado psicológico do mercado quanto ao movimento dos preços.
Um mercado principal em alta é definido como um avanço longo, sustentado e marcado pela melhoria das condições de negociação. Isso provoca aumento da especulação e da demanda para as ações.
Um mercado principal de urso é definido como um declínio longo, sustentado, marcado pela deterioração das condições de negócios e, consequente, diminuição na demanda pelas ações.
Em ambos os mercados haverá movimentos secundários que vão contra a tendência principal.
Hamilton observou que a primeira fase de um mercado de touro é, em grande parte, indistinguível da última reação de recuperação de um mercado de urso. Pessimismo, que era excessivo no final do mercado de urso, ainda reina no início de um mercado de touro.
É um período em que o público está fora da bolsa, as notícias da Corporação América são ruins e as avaliações estão, geralmente, em níveis historicamente baixos.
No entanto, é nesta fase que os investidores inteligentes começam a acumular ações. Esta é a fase do mercado quando aqueles com paciência vêem valor em possuir ações no longo prazo. As ações estão baratas, mas ninguém parece querer comprá-las.
Esta é a fase em que Warren Buffet declarou, no verão de 1974, que era o momento para comprar ações e se tornar rico, mas muitos acreditaram que ele estava louco.
Na primeira fase de um mercado de touro, as ações começam a encontrar um piso e discretamente se firmam. Quando o mercado começa a subir, há descrença generalizada de que um mercado de touro começou.
Após as primeiras altas e quedas, os ursos saem proclamando que o mercado de urso não acabou. É nesta fase que a análise cuidadosa é necessária para determinar se o declínio é um movimento secundário (a correção da primeira alta).
Se é um movimento secundário, então baixas se formarão acima da baixa anterior, e, então, haverá um período de calmaria até o mercado se estabilizar para, em seguida, um avanço começar. Quando a alta anterior é superada, inicia a segunda fase e um mercado principal de touro será confirmado.
A segunda fase de um mercado principal de touro é, geralmente, mais longa e acontece o maior avanço dos preços.
É um período marcado pela melhoria das condições de negociação e aumento da valorização das ações. O lucro começa a subir novamente e a confiança começa a voltar. Esta é considerada a fase mais fácil de ganhar dinheiro, pois a participação é ampla, assim como os seguidores da tendência.
A terceira fase de um mercado principal de touro é marcada por especulação excessiva e o surgimento de pressões inflacionarias. (Dow formou estes teoremas cerca de 100 anos atrás, mas este cenário é, certamente, familiar nos dias de hoje.)
Durante a terceira e última etapa, o público está totalmente envolvido no mercado, as avaliações são exageradas e a confiança é extraordinariamente alta.
Esta imagem é um espelho da primeira fase do mercado de touro. Outro axioma Wall Street: “quando o motorista de táxi começar a fofocar, o destino não deve estar longe”.
Assim como a acumulação é a marca da primeira fase de um mercado principal de touro, distribuição marca o início de um mercado de urso. O “investidor experiente” começa a perceber que as condições de negócios não são tão boas quanto se pensava e começa a vender suas ações.
O público ainda está envolvido no mercado nesta fase e compra de maneira entusiasmada. Há poucas manchetes indicando a proximidade de um mercado de urso e as condições gerais de negócios continuam boas. No entanto, as ações começam a perder um pouco de atratividade e a queda começa a ganhar força.
Enquanto o mercado cai, há pouca crença de que um mercado de urso começou e a maioria dos analistas continuam otimistas. Depois de um declínio moderado, há uma reação (movimento secundário), que recupera uma parte da queda. Hamilton observou que manifestações de reação durante mercados de urso são bastante rápidas e acentuadas.
Tal como acontece, em geral, com sua análise de movimentos secundários, Hamilton observou que uma grande percentagem das perdas seria recuperada em uma questão de dias ou talvez semanas. Este movimento rápido e repentino iria revigorar os touros para proclamar um mercado de touro vivo e saudável.
No entanto, a reação de alta do movimento secundário forma uma alta mais baixa do que a alta anterior. Depois de fazer uma alta menor, uma queda abaixo da baixa anterior iria confirmar que esta foi a segunda etapa de um mercado de urso.
Tal como acontece com o mercado principal de touro, a segunda fase de um mercado principal de urso tem o maior movimento.
Isto é, quando a tendência é identificada como para baixo, as condições de negócios começam a se deteriorar. As estimativas de lucro são reduzidas, os déficits ocorrem, as margens de lucro encolhem e receitas caem. Como as condições de negócios pioram, as liquidações continuam.
No auge de um mercado principal de touro, esperanças de primaveras eternas e otimismo são comuns. No estágio final de um mercado de urso, toda esperança está perdida e as ações são malvistas. As valorizações são baixas, mas a venda continua, a medida que participantes do mercado procuram vender de todo jeito.
As notícias da Corporação América são ruins, o panorama econômico é sombrio e nenhum comprador é encontrado. O mercado continuará a declinar até que toda notícia ruim seja inteiramente precificada nas ações. Uma vez que as ações refletem completamente o pior resultado possível, o ciclo começa novamente.
Através dos escritos de Dow e Hamilton, Rhea identificou quatro teoremas distintos que abordaram a identificação de tendências, sinais de comprar e vender, volume e faixas de negociação.
O primeiro passo para identificar a tendência principal é olhar individualmente a tendência do Dow Jones Industrial Average (DJIA) e Dow Jones Transportation Average (DJTA). Hamilton utilizou topos e fundos a fim de determinar a direção da tendência.
Uma tendência de alta é definida por preços que formam uma série de topos e fundos crescentes (elevações cada vez mais altas e depressões cada vez mais altas).
Em contraste, uma tendência de baixa é definida por preços que formam uma série de topos e fundos em declínio (elevações cada vez mais baixas e depressões cada vez mais baixas).
Uma vez que a tendência foi identificada, presume-se válida até que se prove o contrário. A tendência de baixa é considerada válida até se formar um fundo mais alto e um topo mais alto que o anterior.
Abaixo está um gráfico do Dow Jones Transportation Average, em 1992. Mesmo que Hamilton e Dow não tenham feito referências específicas à linha de tendência, ela foi desenhada para enfatizar a trajetória de queda.
Desde o topo, em fevereiro, uma série de fundos baixos e topos baixos foram formados para formar uma tendência de baixa. Houve uma manifestação secundária em abril e maio (círculo verde), mas a alta de março não foi superada.
O DJTA ($ TRAN) continuou descendo até o dia de grande volume (seta vermelha). Conforme discutido neste artigo, os dias de grande volume sinalizam uma possível iminente mudança. Sozinho, um dia de grande volume não é um sinal de compra, mas sim uma indicação para monitorar o preço da ação um pouco mais de perto.
Depois deste dia de grande volume, o DJTA mergulhou novamente e, em seguida, moveu-se acima de 1250, criando uma baixa superior (seta verde). Mesmo após a baixa superior em vigor, ainda é muito cedo para afirmar uma mudança de tendência. A mudança de tendência não é confirmada até que a reação da alta anterior seja superada (seta azul).
Por outro lado, uma tendência de alta é considerada em andamento até que se forma uma baixa menor e a baixa que se segue seja maior que a baixa anterior.
Abaixo está um gráfico de linhas dos preços de fechamento para o DJIA. Uma tendência de alta começou nas baixas de out-98 e o DJIA formou uma série de altos e baixos mais elevados ao longo dos próximos 11 meses.
Por duas vezes, em Dezembro de 1998 (círculo vermelho) e Junho de 1999 (setas azuis), a validade da tendência de alta veio a ser questionada, mas a tendência de alta prevaleceu até o final de setembro. (O preço da ação em Dezembro de 1998 é abordada mais adiante.)
Houveram elevações mais baixas em Jun-99, mas nunca houveram quaisquer mínimas mais baixas para confirmar esses elevações mais baixas e suporte realizados. Quaisquer ursos que atacaram em junho conseguiram se estabilizar nos dois máximos históricos em Julho e Agosto.
A mudança na tendência ocorreu em 23 de setembro, quando as baixas de junho foram violadas. Alguns traders podem ter concluído que a tendência mudou quando as baixas de agosto foram violadas atrasadas.
Isso pode, de fato, ser o caso, mas é importante notar que as baixas de junho representaram uma área de apoio mais convincente.
Tenha em mente que a Teoria de Dow não é uma ciência e Hamilton apontou isso várias vezes. A Teoria de Dow pretende oferecer insights e orientações para começar um estudo cuidadoso dos movimentos do mercado e preço das ações.
Olhando para o gráfico de linhas acima (DJIA 1998/1999 diariamente pela escala semi-log ($ INDU)), pode ser difícil distinguir entre uma mudança pertinente na tendência e uma correção simples.
Por exemplo: uma mudança na tendência foi justificada quando a baixa de dezembro superou a baixa de novembro? (círculo vermelho) Após o pico de novembro, uma alta menor foi formada em dezembro e, em seguida, a reação de baixa de novembro foi quebrada.
A fim de eliminar sinais falsos, Hamilton sugeriu excluir movimentos de menos de 3%. Isto não era para ser uma regra rigorosa e eficiente, mas a ideia é digna de nota. Com o aumento da volatilidade dos mercados de hoje vem a necessidade de suavizar as flutuações diárias e evitar leituras falsas.
Hamilton e Dow estavam interessados em capturar os grandes movimentos e teriam sido aptos a usar gráficos semanais para capturar reações de altas e baixas. No entanto, nos mercados de hoje em rápido movimento, gráficos semanais podem não retratar em detalhe o que os investidores precisam.
Uma possível solução é a aplicação de uma média móvel de curto prazo para o gráfico de preço. Embora não seja mencionado por Hamilton e Dow, uma média móvel de 5 dias pode ser aplicada para suavizar a série de preços e ainda permitir detalhes.
O gráfico abaixo (DJIA ($ INDU) 1998/1999 diário com 5 de MME) usa uma média móvel exponencial de 5 dias para suavizar o gráfico de preço. Observe que a reação baixa de novembro agora parece bastante irrelevante. Porém, a reação de alta de setembro (seta vermelha) ainda aparece.
Quando a Teoria Dow foi desenvolvida, na virada para o século XX, as ferrovias eram um setor chave da economia. Hamilton argumentou que, muitas vezes, a atividade começaria a refletir nos índices da Média Ferroviária antes da Média Industrial.
Ele atribuiu isso ao fato de que, antes de a atividade econômica começar, as matérias-primas teriam de ser transportadas pelos fornecedores para os fabricantes. Antes da General Motors aumentar a produção, mais aço teriam de ser transportado. Portanto, um aumento das ações ferroviárias prenunciaria um aumento das ações das indústrias.
Por que as ferrovias?
Não há dúvida de que a economia de hoje é muito diferente em relação ao século passado, e a composição do DJTA mudou para favorecer as companhias aéreas. No entanto, ainda há alguma credibilidade no uso do DJTA para confirmar movimentos no DJIA.
Ações de transporte são muito mais dependentes do ambiente econômico do que, na média, as outras ações e, provavelmente, prenunciam crescimento econômico, pois:
Para refletir os riscos acrescidos acima, as ações de companhias aéreas têm sido, tradicionalmente, vendidas significativamente abaixo dos índices de mercado. Se o P/L para o S&P 500 é de 28, uma companhia aérea na média é vendida por apenas 8-10 vezes os lucros.
Mesmo que possivelmente estejamos entrando em uma “nova economia”, a maioria das empresas são, de alguma forma, afetadas por mudanças na atividade econômica, taxas de juros, custos de energia e custos trabalhistas.
As companhias aéreas têm todos os itens acima e são ainda mais suscetíveis de agir como um indicador importante do ambiente econômico geral.
No entanto, uma ressalva deve ser acrescentada também. Possivelmente, o maior medo das companhias aéreas é que as pessoas vão parar de voar em aviões.
Viagens de negócios formam a maior parte das receitas com altas margens das companhias aéreas. Com o desenvolvimento da Internet e das redes, a necessidade de viagens de negócios poderá ser bastante reduzida. O Federal Express já experimentou uma desaceleração na quantidade enviada de documentos. Isto poderia, finalmente, afetar os negócios das companhias aéreas.
Hamilton e Dow enfatizaram que, para um sinal de tendência primária de compra ou venda ser válido, tanto a Média Industrial quanto a Média Ferroviária devem se confirmar um ao outro. Se uma média registra uma nova alta ou baixa, então a outra deve, rapidamente, seguir o mesmo movimento para que o sinal da Teoria Dow ser correto.
Combinando as diretrizes estabelecidas para a identificação das tendências com o teorema sobre sua confirmação, agora é possível classificar a tendência principal do mercado. O quadro acima mostra uma matriz de sinais que ocorreram durante um período de 7 meses em 1998.
Em abril, tanto o DJIA ($ INDU) quanto o DJTA ($ TRAN) registraram novos recordes de alta de todos os tempos (linha azul). A tendência primária já era de alta, mas esta confirmação validou a tendência primária de alta.
Em julho, problemas começaram a surgir quando o DJTA não conseguiu confirmar a nova alta indicada pelo DJIA. Isso serviu como um sinal de alerta, mas não alterou a tendência. Lembre-se, a tendência é considerada em vigor até que se prove o contrário.
Em 31 de julho, o DJTA registrou uma nova reação de baixa. Dois dias depois, o DJIA registrou uma nova reação de baixa e confirmou uma mudança na tendência primária de alta para baixa (linha vermelha). Após este sinal, as duas médias passaram a marcar reação de baixa.
Em outubro, o índice Dow Jones formou uma baixa maior, enquanto o DJTA registrou uma nova baixa, o que serviu para alertar para uma possível mudança de tendência.
Após a maior baixa, o DJIA seguiu com a maior alta no final do mês. Isso, efetivamente, mudou a tendência média de baixa para cima.
Não foi até o início de novembro que o DJTA passou a melhorar sua reação de alta anterior. No entanto, ao mesmo tempo do avanço maior do DJIA, a tendência primária mudou de baixa para alta.
A importância do volume foi mencionada anteriormente, com o gráfico de Abril de 1997 abaixo do DJIA. Rhea observou que embora Hamilton tenha analisado as estatísticas de volume, o preço da ação era o último determinante da tendência.
Volume é mais importante tanto no momento de confirmar a força das tendências como pode, também, ajudar a identificar reversões.
Confirmação de Volume
Hamilton pensou que o volume deveria aumentar no sentido da tendência primária. Em um mercado principalmente de touro, o volume deve ser maior nos avanços do que nas correções. Não só deveria haver declínio de volume nas correções, mas o número de negócios também deveria diminuir.
Como Hamilton percebeu, o mercado deve tornar-se “calmo e fraco” nas correções. “Fraco” significa que a quantidade de quedas não deve estar aumentando de forma dramática. O oposto é verdadeiro em um mercado, principalmente, de urso. O volume deve aumentar nas quedas e diminuir durante as reações. As reações também devem ser fracas e refletirem a pequena atividade do mercado.
Analisar as reações e correções permite, possivelmente, avaliar a força oculta da tendência principal.
Volume e Reversões
Hamilton observou que os níveis grandes de volume podem ser indicativo de uma iminente reversão. Um longo avanço um dia depois de um grande volume pode sinalizar que a tendência está prestes a mudar ou que uma elevada reação pode se formar rapidamente.
Em seu comentário de 25 de junho de 1999 no site StockCharts.com, Rex Takasugi discute a correlação entre volume e picos no mercado. Mesmo que sua análise revele um intervalo de tempo entre os picos de volume e reversões de mercado, a relação ainda existe.
A análise de Takasugi revela que desde 1900 houveram 14 ciclos e o volume atingiu o pico, em média 5,6 meses à frente do mercado. Ele também observa que o pico de volume mais recente ocorreu em abril de 1999.
Em seus comentários ao longo dos anos, Hamilton se referiu muitas vezes as “linhas.” Linhas são retas horizontais que formam uma faixa de negociação. Faixas de negociação se desenvolvem quando as médias movem para os lados ao longo de um período de tempo e tornam possível desenhar linhas horizontais que ligam topos e fundos.
Estas faixas indicam tanto acumulação quanto distribuição, mas é praticamente impossível dizer se é uma ou outra até haver uma pausa para cima ou para baixo.
Se houver uma pausa para cima, então a faixa de negociação seria considerada uma área de acumulação. Se houver uma pausa para baixo, então a faixa de negociação seria considerada uma área de distribuição. Hamilton considera a faixa de negociação neutra até que uma ruptura aconteça. Ele também alertou contra a tentativa de a antecipar.
Mark Hulbert, ao escrever no New York Times em 6 de Setembro de 1998, citou um estudo que foi publicado no Journal of Finance por Stephen Brown, da Universidade de Nova York e William Goetzmann e Alok Kumar de Yale. Eles desenvolveram uma rede neural que incorporou regras para a identificação da tendência principal.
O sistema da Teoria de Dow foi testado contra uma compra e manutenção de ações de 1929 até setembro de 1998. Quando o sistema identificou a tendência principal de alta, uma posição longa foi iniciada em um fundo de índice hipotético.
Quando o sistema sinalizou uma tendência principal de baixa, as ações foram vendidas e o dinheiro foi colocado em instrumentos de renda fixa. Ao vender ações após sinais de urso, o risco (volatilidade) da carteira é significativamente reduzido. Este é um aspecto muito importante do sistema da Teoria de Dow e da gestão de carteiras. Nos últimos anos, a ideia de risco em ações diminuiu, mas ainda é um fato que as ações têm mais risco do que os outros investimentos.
Durante o período de 70 anos, o sistema da Teoria de Dow superou uma estratégia de comprar e segurar por cerca de 2% ao ano. Além disso, a carteira tinha um risco significativamente menor. Se comparado como retornos ajustados ao risco, o desempenho aumentaria.
Nos últimos 18 anos, o sistema teve um desempenho de cerca de 2,6% ao ano abaixo do mercado. No entanto, quando ajustado para o risco, o sistema superou a estratégia ao longo dos últimos 18 anos. Tenha em mente que 18 anos não é muito tempo na história do mercado. O sistema teve um desempenho abaixo do mercado durante a tendência de touro e acima durante a tendência de urso.
A primeira crítica da teoria é que ela realmente não é uma teoria. Nem Dow nem Hamilton escreveram, de fato, trabalhos acadêmicos a descrevendo e testando seus teoremas. As ideias de Dow e Hamilton foram apresentadas através de seus editoriais do Wall Street Journal. Robert Rhea costurou a teoria debruçando sobre estes escritos.
Em segundo lugar, a teoria de Dow é criticada por ser muito tardia. A tendência não muda de baixa para alta até que a reação de alta anterior seja superada. Muitos traders acham que isso é simplesmente tarde demais e perdem grande parte do movimento.
Dow e Hamilton tentaram pegar a essência do movimento e entrar durante a segunda etapa. Além disso, se a pessoa tem que esperar a confirmação de outra média, isso poderia atrasar ainda mais a entrada no mercado.
Em terceiro lugar, por usar o DJIA e DJTA, a Teoria de Dow é criticada por ser ultrapassada e não mais um reflexo atual da economia. Este pode ser um ponto válido, mas como foi descrito anteriormente, o DJTA é um dos índices econômicos mais sensíveis.
O mercado de ações sempre foi visto como um grande preditor de crescimento econômico. Atualmente, os índices industriais se atualizaram e empresas como Home Depot, Intel, Microsoft e SBC Corp foram acrescentados à média e substituiram a Chevron, Goodyear,Sears e Union Carbide, a partir de 1º de Novembro de 1999.
O objetivo de Dow e Hamilton foi identificar a tendência principal e captar os grandes movimentos. Eles entenderam que o mercado é influenciado pela emoção e é propenso a reação exagerada tanto para cima quanto para baixo. Com isto em mente, eles se concentraram em identificar a tendência e segui-la. A tendência é aceita até que se prove o contrário.
A Teoria de Dow ajuda os investidores a identificar fatos, e não suposições ou previsões. Pode ser perigoso quando os investidores e traders começam a fazer esses dois últimos. Prever o mercado é um jogo difícil, se não impossível, pois Hamilton admitiu que a Teoria de Dow não era infalível.
Embora ela possa ser capaz de formar a base para a análise, ela é o ponto de partida para os investidores e traders desenvolverem diretrizes sustentáveis e claras.
Ler os mercados é uma ciência empírica, assim haverá exceções para os teoremas apresentadas por Hamilton e Dow. Eles acreditavam que o sucesso nos mercados exige um estudo e análise sérios e que é repleto de sucessos e fracassos.
O sucesso é uma grande coisa, mas não fique muito convencido com ele. Fracassos, apesar de dolorosos, devem ser encarados como experiências de aprendizagem. A análise técnica é uma forma de arte e o olho fica mais afinado com a prática. Estude sucessos e fracassos com um olhar para o futuro!
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